— Rangel, acho que pisei na bola.
— O que aconteceu desta vez, Gil?
— Eu conversei com minha secretária sobre aquele problema que tivemos com o cliente.
— Sei. E o que você disse para ela?
— Eu contei sobre todo o problema, detalhei a confusão que se desenrolou depois que ela enviou o documento para a empresa sem minha aprovação. E, então, expliquei novamente como pretendo que ela faça nas próximas vezes.
— Certo. E qual foi o problema?
— Desde então, ela parece desanimada. Chega de cara fechada para trabalhar e tem até uma postura física de quem está realmente chateada. Eu não sei ao certo, mas tenho a impressão de que, ao repreendê-la, acabei fazendo com que ficasse desmotivada no trabalho.
— Pelo que você está dizendo, Gil, é bem possível que isso tenha acontecido mesmo. Mas não precisa ser sempre assim. Em uma conversa desse tipo, você precisa encontrar a intenção positiva, que está presente em qualquer comportamento.
— Como assim? Ela errou. O que há de positivo nisso?
— Mas você acha que ela errou querendo errar? Acredita mesmo que ela desejava causar toda essa confusão? Será que ela não errou achando que estava tendo uma atitude proativa? Você chegou a discutir isso com ela?
— Não…
— Pois é. O ideal, nessas situações, é começar a conversa tentando se colocar no lugar do outro, ou, no mínimo, perguntando por que ela tomou determinada atitude.
— Puxa… É verdade… Se eu tivesse, antes de tudo, perguntado por que ela agiu daquela forma, talvez escutasse que ela, simplesmente, estava tentando agilizar o trabalho.
— Exato. E, então, você poderia dizer que tal intenção foi boa, mas que o procedimento que você espera dela é outro. Na sequência, explicaria o motivo e pronto. Ou seja, você identificaria a intenção positiva, valorizaria isso e, então, passaria o resto da mensagem.
— Claro! Será que devo ter uma nova conversa com ela, então?
— Acho que sim. Vale a pena.
— Farei isso, então, Rangel. Obrigado mais uma vez.
Papo de Coaching é uma seção fixa onde discuto assuntos sobre os quais trato dentro do meu escritório. Às quintas-feiras, conto a vocês as histórias de uma pessoa especial, o Gil Vicente. Ele é um personagem fictício, mas suas dúvidas e angústias são muito reais. A voz de GV é a voz de outros clientes que, todos os dias, colocam em dúvida o que estão fazendo para viver, enfrentam desafios para se relacionar melhor no ambiente corporativo, para disputar uma promoção, para dar conta de muitas tarefas em um só dia. É disso que falaremos nesta coluna.