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– Rangel, descobri.
– Oba! Que maravilha. Mas descobriu o quê? – Respondi gargalhando com Gil Vicente.
Foi assim, com uma longa risada, que começamos aquela sessão. Gil entrou em meu escritório tão empolgado com sua descoberta que mal conseguiu dizer “oi” e foi logo anunciando a eureca.
– Descobri quais são minhas metas de carreira e isso me deu um ânimo que eu não tinha há muito tempo quando o assunto era trabalho.
– É muito bom saber disso, Gil. E vou lhe dizer que esse entusiasmo não só é esperado, como prova que o seu processo de coaching já está tendo bons resultados. Estou animado também. Mas conte, quais são suas metas de carreira?
– Quero poder ter melhor qualidade de vida, montar um negócio próprio e me tornar especialista em algo. Só não sei ainda em quê.
– Muito bom. Mas já identifico algumas coisas que precisamos discutir. “Qualidade de vida” é um termo muito amplo, muito genérico. Precisamos definir o que você quer dizer com isso. Você consegue?
– Bom… Eu sou recém-casado, pretendo ter filhos e não os imagino sendo criados só pela minha mulher ou por uma babá. Eu quero participar da educação das crianças, o que, para mim, é qualidade de vida.
– Ótimo. Estamos em um bom caminho. Mas você não poderia fazer isso atualmente?
– De jeito nenhum. Trabalho muitas horas, as vezes mais do que doze. Vivo trancado dentro do escritório e raramente consigo ter rotina. Não pratico esporte, por exemplo, algo que adoro fazer, simplesmente porque não consigo acompanhar nada. Sempre acabo faltando às aulas por causa de trabalho.
– Ok. Então podemos dizer que qualidade de vida para você é poder se dedicar mais à família e praticar esportes, é isso?
– Sim. E também encontrar mais meus amigos, até escolher trabalhar com eles, por exemplo.
– Muito bom. Acho que já temos informações importantes aqui.
Gastei mais algum tempo daquela sessão tentando identificar com o Gil Vicente possíveis negócios que ele poderia abrir e tentamos alinhar esta meta com a outra que ele havia exposto: “tornar-se um especialista”. Ele preferiu digerir melhor o assunto em casa e trazer ideias mais concretas na sessão seguinte. Pedi a ele, então, que escrevesse uma lista de valores (tais como reconhecimento, justiça, inovação) que ele tem na vida, pois achei que enriqueceria nossa próxima conversa.
Papo de Coaching é uma seção fixa onde discuto assuntos sobre os quais trato dentro do meu escritório. Às quintas-feiras, conto a vocês as histórias de uma pessoa especial, o Gil Vicente. Ele é um personagem fictício, mas suas dúvidas e angústias são muito reais. A voz de GV é a voz de outros clientes que, todos os dias, colocam em dúvida o que estão fazendo para viver, enfrentam desafios para se relacionar melhor no ambiente corporativo, para disputar uma promoção, para dar conta de muitas tarefas em um só dia. É disso que falaremos nesta coluna.
